Os médicos costumam dizer aos familiares de um paciente com a doença de Alzheimer que o diagnóstico muda bastante a rotina. A perda de memória recente é uma das primeiras consequências percebidas, mas conforme a doença progride e chega ao seu estágio mais avançado, os cuidadores e o próprio idoso precisarão enfrentar desafios ainda maiores.
“No estágio avançado, o paciente já não reconhece mais seus familiares e se torna completamente dependente para todas as atividades”, afirma a geriatra Thaísa Segura da Motta Rosa. Essas dificuldades podem gerar uma sobrecarga física e emocional para o cuidador e até mesmo prejudicar o tratamento da doença de Alzheimer.
Na fase mais crítica da doença, o idoso já não consegue realizar nenhuma atividade sozinho, pode precisar ficar sempre na cama e pode desenvolver dificuldades para engolir, problema chamado de disfagia. “Há também aumento da frequência de infecções, como pneumonia e infecção urinária, além de empobrecimento progressivo do vocabulário”, destaca a médica.
A piora da condição também torna frequentes os casos de incontinência urinária e fecal e de comportamento inadequado em público. No entanto, um dos maiores desafios que vem à tona com o estágio avançado da doença de Alzheimer é a necessidade de lidar com a proximidade da morte do idoso, que pode ser causada por uma série de problemas, devido à sua fragilidade física.
A geriatra ressalta que, desde o início do diagnóstico, é fundamental conversar com a família e com o paciente sobre as diretivas antecipadas de vontade, um conjunto de vontades previamente expressas. “Isso tem como objetivo fazer com que os valores e crenças do paciente sejam respeitados até o último momento, visando preservar sua dignidade. Tais diretivas podem ser registradas em prontuário médico ou em cartório”, explica Thaísa.