A intolerância à lactose é caracterizada pela ausência parcial ou total da enzima lactase, responsável por digerir a lactose presente no leite e nos produtos derivados. Como consequência, após o consumo desses alimentos, uma pessoa intolerante pode ter diarreia, flatulência e dores abdominais. De acordo com a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), existem três tipos de intolerância à lactose: primária, secundária e congênita. Confira, logo abaixo, as diferenças entre esses tipos.
Segundo a gastroenterologista Carmen Pérez de Freitas, entre os tipos de intolerância à lactose, a primária, também chamada de hipolactasia do tipo adulto, é a mais comum. “Nossos corpos, normalmente, diminuem a produção de lactase à medida que substituem o leite por outros alimentos, permanecendo ainda em níveis suficientes para digerir produtos à base de leite em uma dieta típica do adulto”, explica a médica.
“Porém, na intolerância primária, a produção de lactase cai acentuadamente na idade adulta, tornando difícil a digestão de produtos à base de leite. É causada por genes e é comum entre pessoas de origem africana, asiática, hispânica, mediterrânea e do sul da Europa”, completa a especialista.
Outro tipo da condição é a intolerância secundária à lactose, que ocorre devido a uma lesão, uma doença ou uma cirurgia que afetaram o intestino delgado, reduzindo a produção de lactase. Os exemplos mais frequentes são a doença celíaca e a doença de Crohn. Se o distúrbio causador da intolerância for tratado de forma adequada, os níveis de lactase são restaurados, melhorando os sintomas do indivíduo.
Já a intolerância congênita é um tipo muito raro, em que os bebês nascem intolerantes por causa da falta de lactase. “É transmitida de geração a geração, ou seja, tanto a mãe quanto o pai devem transmitir para o bebê essa variante genética”, destaca a especialista.
Para classificar cada paciente, o médico analisa a história clínica e faz exames físicos. Em alguns casos, também é possível recorrer a outros testes. “No teste sérico de tolerância à lactose, são dados 25 ou 50 gramas de lactose ao paciente e se observa os sintomas desenvolvidos durante e até 3 horas após o consumo, bem como o aumento (ou não) da taxa de glicose no sangue”, explica a gastroenterologista. Há também o teste do hidrogênio expirado, os testes genéticos e a biópsia do intestino delgado, realizada por meio de uma endoscopia digestiva alta.
Os graus de intolerância, por outro lado, seguem uma lógica diferente. Embora existam diferentes graus, Dra. Carmen explica que não há uma espécie de classificação. O grau de intolerância depende da quantidade de lactase que cada pessoa produz e da tolerância individual do paciente.
Dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG): http://fbg.org.br/Publicacoes/noticia/detalhe/1262