Não é incomum que pessoas de diferentes faixas etárias cheguem aos consultórios médicos com respiração com chiado e tosse. Embora seja verdade que esses sintomas podem ser causados por uma variedade de infecções respiratórias, geralmente eles estão associados à asma.
Para entender em detalhes os riscos e as particularidades da respiração com chiado e da tosse seca, conversamos com o médico pneumologista José Roberto Magna. Continue lendo!
Segundo o pneumologista, a combinação desses sintomas é muito característica da asma. Então, há uma alta possibilidade de que o paciente com tosse sem muco e sibilo no peito tenha essa doença.
“Nem todo o chiado no peito é decorrente da asma, mas a possibilidade de ser é muito grande, principalmente se esses sintomas são recorrentes e se aparecem após a exposição a alérgenos, como fumaça de cigarro e poeira”, afirma o especialista.
Um artigo científico publicado na Revista Brasileira de Enfermagem reforça a correlação entre chiado no peito, tosse seca e asma: segundo a publicação, cerca de 10% da população mundial sofre com asma.
Também vale mencionar que a frequência dos sintomas é um fator muito importante para diferenciar, inclusive, a asma da bronquite. Enquanto a asma é uma condição crônica das vias respiratórias caracterizada por inflamação e estreitamento dos brônquios, a bronquite aguda costuma ser causada por infecções virais ou bacterianas.
De acordo com o Dr. José Roberto, na asma, os sintomas geralmente vão e voltam, enquanto na bronquite, geralmente se trata de um episódio isolado.
Sob o mesmo ponto de vista, vale a pena entender o que é, exatamente, o chiado no peito. Em resumo, esse som que ocorre durante a respiração, é decorrente do fechamento dos brônquios (broncoespasmo) que ocorre na bronquite e na asma. Nesses casos, como o ar tem menos espaço para passar pelas vias respiratórias, acontece o ruído.
Esse quadro de inflamação e contração dos brônquios é o que desencadeia a tosse seca. Vale mencionar que, em comparação às infecções respiratórias comuns, como gripes e resfriados, a asma produz uma quantidade de muco relativamente pequena.
O pneumologista José Roberto explica que esse quadro clínico pode ser perigoso quando o paciente tem esses sintomas com frequência. Em primeiro lugar, porque pode ser asma, uma doença que não tem cura e exige controle do quadro via tratamento. Em segundo lugar, porque pode gerar sensibilidade excessiva dos brônquios.
Isso significa, por exemplo, que o organismo fica mais vulnerável aos gatilhos das crises: clima seco, tempo frio, poeira, ácaros, fumaça de cigarro e até mesmo a exercícios físicos de alta intensidade.
De acordo com o especialista, outro problema é que “nesses casos, as vias aéreas podem ficar com fibrose, dificultando a abertura dos brônquios e a desinflamação.” É importante mencionar que a fibrose é caracterizada pelo endurecimento e cicatrização anormais dos tecidos, o que dificulta a passagem do ar pelos pulmões. Nesses casos mais avançados, aumentam as chances do desenvolvimento de complicações como pneumonia e insuficiência respiratória.
Por outro lado, o Dr. José Roberto afirma que quando não estamos falando de asma, e sim de um episódio de bronquite, a tosse com chiado geralmente é autolimitada. Ou seja, com o tratamento adequado, não gera sequelas nem contribui para o desenvolvimento de uma doença crônica.
De qualquer forma, “tratar a doença e buscar uma vida sem tosse e sem chiado é fundamental para o paciente”, enfatiza o médico. Inclusive porque a tosse e o chiado podem estar acompanhados de falta de ar, febre, dor no peito e fadiga. Então, o manejo adequado do quadro é fundamental.
Para acabar com a tosse seca e o chiado, o protocolo mais comumente usado é uma combinação entre broncodilatadores e antiinflamatórios (corticoides inalados). Enquanto o primeiro facilita a abertura do brônquio e, portanto, a passagem do ar, o segundo desinflama e reduz a secreção no aparelho respiratório. Em casos mais graves, a fisioterapia pulmonar pode ser necessária para reabilitar as funções respiratórias.
No caso da bronquite aguda, o repouso e a hidratação são fundamentais para controlar os sintomas e se a infecção for persistente, pode ser necessário o uso de antibióticos.
Para evitar a reincidência dos sintomas, é imprescindível reduzir a exposição a alérgenos, especialmente aqueles pacientes que têm problemas respiratórios crônicos. Afinal, esses agentes causam reações alérgicas e o fechamento dos brônquios.
Além disso, praticar esportes (como caminhada, natação e ciclismo) melhora a capacidade dos pulmões de absorver oxigênio e fortalece o sistema imunológico. No entanto, isso deve ser feito de forma supervisionada ou orientada por um profissional qualificado, pois dependendo da capacidade do pulmão e da intensidade do exercício físico, é possível que uma nova crise de tosse e chiado no peito seja desencadeada.
Nesse sentido, pacientes que têm respiração com chiado e tosse seca recorrentemente devem ter acompanhamento médico de um pneumologista. Esse profissional será responsável por avaliar, caso a caso, a gravidade do quadro clínico e se é necessário usar medicação de uso contínuo, por exemplo. Nesse processo, exames de função pulmonar e de imagem são importantes aliados.