A produção e liberação de gases pelo organismo acontece constantemente, independentemente do turno do dia, mas a frequência costuma ser maior durante o dia. Segundo a gastroenterologista Fernanda Oliverio, isso ocorre porque o trânsito intestinal é mais eficaz na posição ereta, que é exatamente como as pessoas ficam nessa parte inicial do dia.
“A posição ereta favorece a movimentação do intestino e, consequentemente, a eliminação dos gases. Este é um dos motivos de não ser recomendado deitar-se logo após as refeições, pois, além de aumentar a chance de ocorrer refluxo gastroesofágico, dificulta a liberação dos gases, provocando dor e distensão abdominal”.
Um adulto libera, em média, de 0,5 a 1 litro de gás por dia, dividido em 12 a 25 eliminações ao longo das 24 horas, inclusive durante a noite. “Quando estamos dormindo, o gás que atinge o reto, a porção distal do trato gastrointestinal, é liberado de forma inconsciente. Entretanto, devido à redução da mobilidade intestinal, há tendência a um acúmulo de gás no intestino, sendo liberado em maior quantidade pela manhã”.
Mais do que os horários das refeições, o padrão alimentar é o principal influenciador na formação dos gases. Comer rápido, falar muito e ingerir líquidos durante as refeições e consumir excessivamente alimentos como carne, açúcar, frituras, industrializados, leite e derivados são hábitos que irão aumentar significativamente a produção de gases.
A especialista destaca que, apesar de existirem alimentos considerados flatulentos, como feijão, vagens, soja, brócolis, repolho, cebola, ervilha, couve-flor, pepino, banana, maçã e damasco, em algumas pessoas o responsável pela maior produção de gases acaba sendo o desequilíbrio na microbiota intestinal (bactérias boas x bactérias ruins). “Além disso, indivíduos com constipação expõem os restos alimentares por mais tempo às bactérias e à fermentação no interior do intestino, o que também aumenta a formação de gases”.
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