A intolerância à lactose, de acordo com o Ministério da Saúde, é uma condição marcada pela incapacidade do organismo de digerir a lactose, o principal açúcar do leite. A enzima lactase é a responsável por fazer essa digestão, transformando a lactose em substâncias que são absorvidas pelo corpo com mais facilidade. Mas, nos indivíduos intolerantes, ela está ausente ou sua ação não é suficientemente eficaz.
Com o acesso à internet cada vez mais amplo, se informar sobre o assunto ficou mais fácil, seja por meio das redes sociais ou de sites. No entanto, é preciso ter cuidado com o que se lê e o que se vê: ainda existem muitas informações sobre a condição espalhadas pela internet que não são verdadeiras.
Para desmenti-las, pedimos ajuda à gastroenterologista Carmen Pérez de Freitas, que elaborou uma lista com 5 mitos sobre a intolerância à lactose que precisam ser esclarecidos. Não deixe de conferir!
Embora ambas estejam relacionadas ao consumo do leite, a intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite de vaca são condições diferentes. “A intolerância à lactose ocorre pela deficiência de enzimas, enquanto a alergia é um processo associado ao sistema imunológico”, afirma a especialista. No segundo caso, o organismo entende que a proteína é uma substância nociva e tentará se defender.
Além disso, os sintomas também são diferentes. A intolerância à lactose costuma provocar diarreia, gases e dores abdominais, enquanto a alergia ao leite tem consequências mais variadas, podendo afetar também a pele e o sistema respiratório: inchaço nos lábios e na língua, urticária, tosse e falta de ar são alguns exemplos de sintomas.
Segundo a médica, nem todos os leites têm lactose, apenas aqueles de origem animal, como o leite de vaca, de cabra, de ovelha e mesmo o leite materno. Os leites de origem vegetal, como os que são feitos a partir da soja, do arroz e de amêndoas, são livres de lactose.
O consumo de leite e derivados continua sendo recomendado para quem é intolerante à lactose, de acordo com a especialista. O que pode mudar é a quantidade ingerida, que irá depender do grau de intolerância que o indivíduo apresenta e do tipo de alimento, uma vez que certos alimentos têm menos lactose, como queijos e iogurtes. “A recomendação que fazemos é utilizar medicamentos à base de lactase* quando for consumir laticínios”, explica Dra. Carmen, além de consultar um médico para fechar o diagnóstico e determinar o nível da intolerância.
Nos casos de pessoas adultas, a intolerância não passa, na maioria dos casos. “Na verdade, no decorrer da vida, o problema pode se agravar, pois a produção de lactase pelo intestino delgado pode ir diminuindo. Então, é comum que adultos e idosos desenvolvam algum grau de intolerância. Certas doenças também podem levar à intolerância à lactose: doença celíaca, cirurgias e gastroenterite”, informa a gastroenterologista. Quando a intolerância à lactose é associada a algumas doenças tratáveis, é possível que haja uma melhora, que pode ser variável.
Segundo a profissional, muitas pessoas imaginam que a solução para a condição é retirar a lactose da dieta. No entanto, essa medida pode gerar problemas à saúde. “Leite e derivados contêm nutrientes e vitaminas fundamentais, como proteínas, vitamina D e B12, riboflavina e cálcio. Portanto, o indivíduo que desconfia de intolerância à lactose deve procurar um médico para a realização de exames e para a correta orientação”, aconselha Dra. Carmen.
*A lactase auxilia a digestão da lactose.
Dados do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/88lactose.html