A fascite plantar é uma condição que causa inflamação na fáscia plantar, o tecido que liga o calcanhar aos dedos do pé. Ela é caracterizada por sintomas como dor nas partes baixas do pé, como sola, calcanhar e tornozelo. Assim, a depender de sua gravidade, pode durar de algumas semanas a meses. Uma estimativa encontrada em um artigo do Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences prevê que uma em cada 10 pessoas terão dor no calcanhar ao longo da vida. Como essa é uma das causas mais frequentes de problemas nos pés, é importante entender tudo sobre fascite plantar.
Para ajudar com essa tarefa, conversamos com o ortopedista Dr. André Tsai. Ele nos explicou mais sobre os sintomas, tratamento e medicamentos que podem ajudar na fascite plantar. Reunimos tudo para você neste guia completo.
“A fascite plantar é uma inflamação no tecido espesso localizado na planta do pé, que gera dor principalmente na parte do calcanhar”, define o médico.
Entre os principais fatores de risco para seu desenvolvimento, se destacam a idade entre 40 e 60 anos, a prática de atividade física de alto impacto, obesidade e o uso de calçados inadequados. Outros pontos de atenção são o sedentarismo e o desnivelamento de quadril. Em uma pesquisa publicada pela Revista Brasileira de Ortopedia feita com uma amostra de 50 pacientes, o índice de massa corporal (IMC) e calçados com amortecimento inadequado foram associados de maneira significativa à dor na fascite plantar.
Além disso, ela pode surgir após alguma alteração na anatomia do pé (como sequela de fraturas, e outros). Ter atenção a essas possibilidades é importante, já que ainda não foi descoberta uma causa exata para a fascite plantar, como reforça outro estudo publicado pela Revista Brasileira de Ortopedia.
O principal e primeiro sintoma da fascite plantar é a dor no calcanhar, geralmente nas primeiras pisadas da manhã ou quando se levanta após longo tempo sentado. Isso acontece, segundo o ortopedista, porque, “ao colocar o pé no chão, essa fáscia sofre um alongamento e provoca tal inflamação”.
O incômodo tende a piorar com atividades que envolvem ficar muito tempo em pé, caminhar ou correr. Em outros casos, podem ocorrer sinais como inchaço e vermelhidão. Nessas situações, é importante ter ainda mais atenção com o caso clínico que, se não tratado, pode levar à necessidade de cirurgia.
A cirurgia de fascite plantar, a fasciotomia plantar, é um procedimento pouco comum. Ele é utilizado principalmente quando o tratamento convencional falha. Assim, a cirurgia costuma ser indicada para casos de dor crônica quando não há melhora com medidas não invasivas.
Até porque, quando a fáscia é sobrecarregada, o tecido pode se danificar ou rasgar, o que leva à inflamação e à dor no calcanhar. Por isso, se a presença de dor no calcanhar persiste por mais de alguns dias, existe a necessidade de consultar um médico antes que o caso piore.
O Dr. André ressalta que o tratamento para a fascite plantar inclui fisioterapia, palmilhas corretivas, uso de calçados com um pouco mais de salto na parte de trás, alongamentos, acupuntura e medicamentos.
Essas opções devem ser analisadas individualmente a depender da presença de fatores de risco, como o estilo de vida, etc. Entre os medicamentos para a fascite plantar mais usados, se destacam os anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno e naproxeno, pomadas para aliviar a dor e, em certos casos, corticoides.
O tempo para se recuperar dos sinais da fascite varia de pessoa para pessoa. Por exemplo, “Pacientes mais idosos e com fatores de riscos, como obesidade e sedentarismo, que apresentam dor crônica (acima de 3 meses de duração), normalmente demoram mais para apresentar melhoras mais significativas. Assim, esse tempo pode ser de 2 a 3 meses”, esclarece o profissional.
Além disso, a mudança para calçados ergonômicos é parte fundamental da recuperação. “Calçados com bom amortecimento, especialmente na parte do calcanhar, ajudam a promover diminuição do impacto e consequentemente da inflamação local”, o ortopedista destaca.
O médico também pode prescrever calcanheiras, que são palmilhas somente na parte do calcanhar. Da mesma forma, quando a pessoa estiver em crise intensa de dor, é recomendada a pausa nas atividades físicas. Nesse cenário, o foco deve ser em medidas para a melhora.
Por fim, o Dr. André destaca que, “Hoje em dia, a terapia por ondas de choque tem apresentado bons resultados”. Ela consiste em aplicar estímulos acústicos de alta energia na parte externa do calcanhar e a partir disso, é possível estimular a cicatrização e reduzir a dor.