Um dos sintomas mais característicos da depressão é a falta de vontade de realizar qualquer tipo de atividade, mesmo aquelas que normalmente traziam prazer ao paciente. Portanto, não ter vontade de sair pode ser um sinal do transtorno. Contudo, é preciso que outros sintomas da doença também estejam ocorrendo para que o diagnóstico seja estabelecido.
“Um dos sintomas principais da depressão é a anedonia, ou seja, a perda da capacidade da pessoa de sentir prazer em situações que antes eram prazerosas. Isso inclui sair com amigos ou companheiros, praticar esportes ou outras atividades lúdicas, dentre outras coisas”, aponta o psiquiatra Rafael Hackbart. “Outros sintomas frequentes na depressão são a tristeza e a falta de ânimo, que também podem levar o paciente a ficar mais recluso e com menos interesse em sair e interagir com outras pessoas”.
Segundo o médico, para que se possa efetuar um diagnóstico de depressão, deve haver outros sintomas associados além da tristeza e/ou da anedonia. Alterações de sono (insônia ou excesso de sonolência diurna), alterações de apetite e peso (para mais ou para menos), dificuldade de concentração, fadiga, inquietude ou alentecimento psicomotor, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada e, em casos mais graves, pensamentos de morte ou ideação suicida, são alguns exemplos.
“Não é necessário que todos os sintomas estejam presentes, mas caso sejam observados alguns deles em uma pessoa, é aconselhável que ela passe por uma avaliação com um profissional qualificado para que o diagnóstico possa ser efetuado. A importância dessa avaliação está em ver o grau de disfuncionalidade e sofrimento causado por esses sintomas”.
De acordo com o médico, a avaliação também é importante para fazer o diagnóstico diferencial desses sintomas com doenças clínicas e com outros transtornos mentais que possam se apresentar com sintomatologia semelhante. “Algumas doenças podem gerar quadros clínicos semelhantes à depressão. A anemia e o hipotireoidismo são exemplos de doenças que também têm, dentre os seus sintomas, o desânimo constante”.
Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades:
– Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas;
– Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente;
– Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas;
– Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar);
– Alteração do sono: excesso de sono ou insônia;
– Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas;
– Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado;
– Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória;
– Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio.
Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica!
Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente.
Foto: Shutterstock