O número de pessoas depressivas vem crescendo em todo o mundo nos últimos anos. Ela atinge as mais diversas faixas etárias, incluindo os idosos. Nesta fase da vida, muitos acreditam que a depressão é algo normal e não levam a sério a importância do diagnóstico e do tratamento adequado.
Doença multifatorial
O problema psiquiátrico pode ser causado por inúmeros fatores juntos que podem precipitar o surgimento de episódios depressivos, seja o temperamento, acontecimentos do dia a dia, alterações biológicas ou ainda a presença de outros transtornos mentais. “Ao envelhecer, podem surgir fatores desencadeantes que seriam próprios dessa fase, como a doença de Parkinson, problemas tireoidianos e medicamentos clínicos que poderiam contribuir para o surgimento da depressão”, afirma o psiquiatra Ricardo Torresan.
Segundo Torresan, quanto mais um indivíduo vive, mais ele está a sujeito à ocorrência de eventos negativos, como a perda de entes queridos, a aposentadoria e limitações físicas, capazes de agir como estressores e propiciar o desenvolvimento de um quadro depressivo. De acordo com o psiquiatra, o combate à depressão na velhice não apresenta diferenças significativas, centrando-se no uso de medicamentos e da psicoterapia.
Cuidados especiais
Assim como em outros estágios da vida, a atenção da família é importante para vencer a doença. A falta de cuidados e de contato com pessoas é um dos fatores que contribui para o desenvolvimento da depressão e para a piora do quadro. Passeios diários, visitas de familiares e a prática de atividades físicas ajudam a manter a vida ativa e diminuem os riscos.
Há, no entanto, alguns cuidados importantes com relação à medicação devido à idade avançada. O organismo funciona de uma forma diferente, com um metabolismo mais lento, o que acarreta na eliminação medicamentos também mais lenta e uma maior sensibilidade aos efeitos dos remédios. “Opta-se por medicamentos de perfil mais seguro e tolerável, com a condução da dose aplicada também mais cuidadosa e com tempo pouco maior para ajustar as doses”, explica Torresan.
De olho nos sintomas
A atenção é necessária aos sintomas da depressão, já que ela pode ser confundida com a demência. “A depressão em indivíduos de idade avançada pode se assemelhar a um quadro de demência. É fundamental distinguir essas entidades para que o paciente receba o tratamento mais adequado ao seu problema”, alerta o psiquiatra.
Dr. Ricardo Cézar Torresan é psiquiatra, graduado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e atua em Botucatu. CRM-SP: 100415