O Lúpus Eritematoso Sistêmico (ou apenas Lúpus) é uma doença reumatológica autoimune, ou seja, é caracterizada pelo sistema imunológico atacar células e tecidos saudáveis. Entender os sintomas do Lúpus, o tratamento e as formas de gerenciar períodos de crise é essencial não só para quem sofre com a doença, como também para quem tem um caso na família, por exemplo. Afinal, esse cenário não é tão incomum: segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca de 65 mil brasileiros sofrem com essa enfermidade, sendo a maioria mulheres entre 20 e 45 anos.
A seguir, você confere a entrevista que fizemos com a médica reumatologista Marcella Andrade sobre as formas de controlar a doença e preservar a qualidade de vida.
Em primeiro lugar, é importante destacar que as manifestações do Lúpus podem ser cutâneas e sistêmicas, o que significa que podem ser limitadas a reações na pele, mas também podem atingir outras partes do corpo.
Além disso, os sintomas variam de acordo com o grau da doença, como explicou a especialista em reumatologia Marcella Andrade. Em relação aos sinais na pele, a médica citou alguns dos mais frequentes: “pode haver erupções na pele de diferentes tipos, incluindo o aumento do fluxo sanguíneo na região das bochechas que lembra uma asa de borboleta (chamado de rash malar) e outras lesões que geralmente ocorrem em áreas expostas ao sol, como face, membros, e colo.”
Do mesmo modo, pacientes que têm Lúpus podem sofrer com dores nas articulações (que podem ser dores crônicas), fadiga, dor no peito, falta de ar, espuma na urina, aumento da pressão arterial, inchaço nos membros inferiores, entre outros. Inclusive, a piora dos sintomas após a exposição à luz solar é um dos desafios de quem tem essa doença autoimune, já que isso ativa diretamente as células de defesa, de acordo com a Dra. Marcella, que é, também, integrante da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Ainda que as reações na pele associadas às dores articulares sejam muito específicas do lúpus, os sintomas iniciais são comuns a várias outras doenças reumatológicas e autoimunes, o que pode inclusive dificultar o diagnóstico. Entre eles, podemos citar febre baixa, perda de peso, fadiga, prostração, queda de cabelo e alopecia.
Em relação à evolução dos sintomas, conforme a doença avança, isso vai depender muito da gravidade do Lúpus, caso a caso. De acordo com a reumatologista, “existem formas leves onde o paciente passa a vida toda apenas com sintomas cutâneos e articulares. Por outro lado, em casos mais graves, pode haver, por exemplo, prejuízos renais e cardiológicos, por exemplo, o que pode gerar alta morbidade, necessidade de internações frequentes e tratamentos mais agressivos”.
Lúpus não tem cura, mas o tratamento adequado é capaz de controlar os sintomas e preservar a qualidade de vida de quem tem o diagnóstico. “Para isso, é necessário haver não só um olhar médico aguçado e experiente, como também um alto grau de comprometimento do paciente com o tratamento”, afirma a Dra. Marcella.
Em relação aos medicamentos eficazes para controlar a inflamação, a especialista explica que isso depende da gravidade do Lúpus e dos órgãos atingidos, mas que, geralmente, o protocolo inclui o uso de corticoides e/ou imunossupressores. Esses medicamentos reduzem a resposta inflamatória do sistema imunológico e, consequentemente, aliviam os sintomas. Mas, é importante ressaltar que o uso e a dose devem ser feitos com direcionamento médico, dado os possíveis efeitos colaterais e o risco de perda da função de algum órgão nobre.
Do mesmo modo, outras condutas que não envolvem o uso de medicamentos devem fazer parte do tratamento. Para evitar períodos de crise, recomenda-se a redução da exposição solar, a prática de atividades físicas e o acompanhamento psicológico. Isso porque enquanto a luz do sol pode favorecer o aparecimento das erupções na pele, o estresse emocional é um gatilho para a piora da doença e os exercícios melhoram as dores no corpo, a longo prazo.
Em resumo, reconhecer os sintomas do Lúpus e procurar acompanhamento especializado o quanto antes é essencial para o paciente ter o direcionamento correto quanto ao tratamento e, dessa forma, ter o mínimo impacto possível no seu bem-estar.