A espondilite anquilosante é uma doença autoimune e crônica que pode levar à fusão das vértebras. Isso acontece, principalmente, porque ela causa inflamação das articulações. Apesar de não ter cura, o tratamento adequado pode ajudar a controlar os sintomas, caracterizados principalmente pela dor.
Para explicar tudo sobre espondilite anquilosante, entrevistamos o reumatologista Dr. Bruno Bordallo, que nos ajudou a reunir as informações mais importantes sobre a doença neste artigo.
Como dissemos, a espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crônica e autoimune que afeta principalmente as articulações da coluna vertebral, do crânio e da caixa torácica. Por isso, ela causa inflamação e rigidez nas articulações, o que pode levar à fusão dos ossos da coluna e impedir o movimento, o que acontece principalmente pelo desgaste da cartilagem. Uma análise publicada pelo World Journal of Orthopedics evidencia que pessoas com parentes próximos com essa doença têm chances de 10 a 20 vezes maiores de a desenvolverem também. Além disso, o artigo aponta que a espondilite anquilosante é três vezes mais comum entre os homens do que entre as mulheres, e costuma aparecer entre os 20 e 40 anos. Isso aponta que fatores genéticos estão envolvidos e que a prevalência da doença está relacionada ao gênero e à idade.
Segundo o reumatologista Bruno Bordallo, é comum que um paciente com espondilite tenha outras doenças autoimunes porque essas condições compartilham predisposições genéticas. O médico explica que a espondilite “Pertence a um grupo de doenças chamado espondiloartrites, que compartilham características autoimunes e inflamatórias”. Dessa forma, ele cita que outras doenças
comumente associadas são a uveíte anterior, a psoríase e as doenças inflamatórias intestinais (como doença de Crohn e retocolite ulcerativa.
O Dr. Bruno compartilha que o diagnóstico da espondilite anquilosante pode ser desafiador, principalmente nos estágios iniciais da doença. A dor lombar inflamatória é o principal sintoma, porém, ela pode ser confundida com dores mecânicas, por exemplo.
Por isso, ele aponta que o diagnóstico precoce depende de uma avaliação clínica cuidadosa, com a consideração de critérios de dor lombar inflamatória como: idade de início dos sintomas menor que 45 anos, além de dor que melhora com exercício e piora com repouso, rigidez matinal prolongada, e a presença de entesites (inflamação nos pontos de inserção dos tendões), que ocorrem principalmente nos tornozelos e calcanhares.
Isso porque, “A rigidez matinal na espondilite anquilosante é um dos sintomas característicos da doença e ocorre devido à inflamação nas articulações da coluna. Uma explicação possível é que durante o sono ou períodos de repouso prolongado, o corpo fica imóvel, o que favorece o acúmulo de substâncias inflamatórias na área afetada, resultando em rigidez e dor ao despertar”.
Além da dor articular, é preciso ter atenção a sintomas como dificuldade para expandir o tórax ao respirar fundo e dor na região posterior das coxas. Isso porque, embora a espondilite anquilosante seja percebida principalmente por dor nas articulações, ela pode afetar outras partes do corpo devido à natureza sistêmica da inflamação.
Dr. Bruno conta que alguns dos sintomas extra-articulares incluem: “Inflamação da íris, que pode causar olho vermelho, dor ocular, fotofobia e visão embaçada. Esses sintomas ocorrem em até 40% dos pacientes com EA. Além disso, eles podem apresentar doenças inflamatórias intestinais (DII) e condições cardiovasculares”.
Portanto, com o movimento ao longo do dia, a circulação dessas substâncias melhora, o que alivia a sensação de rigidez. A atenção a esse sintoma é importante para diferenciar a dor inflamatória, comum na EA, da dor mecânica, que geralmente piora com atividade física.
Assim, caso esses sintomas de espondilite anquilosante estejam presentes, o exame indicado é a ressonância magnética das articulações sacroilíacas, que ajuda a identificar sinais de sacroileíte, a inflamação dessas articulações.
Uma característica relevante da inflamação na espondilite anquilosante, como explica o especialista, é que ela “afeta principalmente as enteses, que são as áreas onde os tendões e ligamentos se inserem no osso. Diferentemente de outras doenças articulares, como a artrite reumatoide, que acomete principalmente a membrana sinovial das articulações, a EA se caracteriza por entesites, sacroileíte (lesão inflamatória das articulações sacroilíacas) e inflamação progressiva da coluna vertebral.”
Por isso, o tratamento da espondilite envolve uma abordagem multidisciplinar, visando controlar a inflamação, melhorar a mobilidade e prevenir danos estruturais. “Os medicamentos utilizados incluem os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e imunobiológicos nos pacientes que não respondem adequadamente aos AINEs”, ele complementa.
Assim, esses medicamentos são eficazes em reduzir a inflamação e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o exercício físico e fisioterapia regulares ajudam a manter a mobilidade da coluna.
Por isso, programas de fisioterapia focados em fortalecimento e flexibilidade são recomendados. E é importante contar com a ajuda de um profissional no momento de começar suas atividades físicas. Por fim, o acompanhamento médico regular com um reumatologista é necessário