A aproximação de um retorno do quadro de depressão pode ser percebida da mesma maneira que ocorre quando se nota a presença do primeiro quadro depressivo: por meio dos sintomas. Prostração, tristeza, perda de apetite, insônia, apatia, falta de prazer em realizar atividades que normalmente seriam estimulantes, são alguns exemplos. Quando estes voltam a se fazer presentes, pode ser sinal de que um novo episódio depressivo está a caminho.
“Se o paciente já teve um episódio depressivo, fez tratamento, apresentou remissão dos sintomas e voltou a apresentá-los depois de um certo tempo, isso pode ser indicativo de recidiva de depressão. Os sintomas são: tristeza, sentimento de vazio, falta de esperança, choro fácil, anedonia (perda da capacidade de sentir prazer), perda ou ganho de peso, insônia ou excesso de sono, agitação ou lentificação psicomotora, cansaço excessivo, sentimento de culpa, pensamentos de ruína e morte, falta de concentração, dentre outros”, informa a psiquiatra Camila Cucco.
Segundo a especialista, a reincidência de um episódio depressivo pode ocorrer em eventos estressores, como perda do emprego, separação, morte de um ente querido, pressão no trabalho, entre outros. “Então, se o indivíduo passou por alguns desses estressores e começou a manifestar sintomas depressivos, é importante ficar atento, pois pode ser um novo episódio iniciando”, completa a psiquiatra.
Para tentar evitar um retorno da depressão, é necessário, primeiro, realizar o tratamento do primeiro episódio depressivo até o fim, ou seja, só interrompê-lo quando receber alta do médico. Isso diminuirá as chances de um novo episódio acontecer. Caso manifestações depressivas apareçam mesmo assim, deve-se retomar o contato imediatamente com o especialista, para que ele possa determinar como proceder a partir daí.
“Fazer o tratamento durante o período indicado pelo psiquiatra, praticar atividade física, buscar ambientes leves no trabalho, dormir bem, cuidar da alimentação e cuidar da saúde física e mental de modo geral, são alguns cuidados indicados e necessários para ajudar a evitar recaída da depressão”, conclui Camila.
Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades:
– Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas;
– Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente;
– Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas;
– Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar);
– Alteração do sono: excesso de sono ou insônia;
– Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas;
– Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado;
– Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória;
– Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio.
Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica!
Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente.
Dra. Camila Cucco é médica psiquiatra formada pela Univali e possui especialização em psiquiatria pela Fundação Mário Martins. CRM: 12979
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