Ter relação sexual com infecção urinária pode agravar os sintomas, causar dor, aumentar o risco de complicações e até dificultar o tratamento. Embora a infecção urinária (ou ITU – infecção do trato urinário) não seja considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), a atividade sexual durante o quadro infeccioso pode introduzir mais bactérias na uretra e na bexiga, prejudicando a recuperação.
Recomenda-se evitar a atividade sexual em caso de infecção urinária para evitar riscos maiores à saúde e também pelo aumento da sensibilidade, que costuma causar desconforto e dor. A infecção do trato urinário compromete os componentes deste sistema, como a bexiga, que está intimamente ligada à vagina e ao útero. Por conta disso, as mulheres, principalmente, acabam sentindo dor no ato sexual.
“O ato sexual pode causar incômodos e dores durante o quadro de infecção urinária. Em função do desconforto, é indicado que a prática seja evitada. O mesmo vale para homens e mulheres”, afirma o urologista José Ricardo Silvino. Além de tudo, a dor atrapalha o prazer, especialmente no caso das mulheres, o que é mais um fator para desestimular o ato.
Segundo o médico, a infecção urinária propriamente dita não é um quadro que seja transmitido durante as relações sexuais, porém pode ser ocasionado pelo sexo. O ato sexual funciona como porta de entrada para a bactéria que causa a infecção urinária, então se não há proteção durante as relações, o parceiro (a) pode ser infectado.
Apesar de não ser classificada como uma IST, a infecção urinária pode ser facilitada pelo sexo, especialmente em casos de má higiene ou ausência de preservativo. Além disso, algumas bactérias sexualmente transmissíveis, como clamídia e gonorreia, podem provocar sintomas semelhantes e coexistirem com uma ITU. Por isso, é essencial realizar o diagnóstico correto.
Homens com infecção urinária também devem evitar relações sexuais. A uretrite — inflamação da uretra — pode causar dor durante a ejaculação e piorar o quadro infeccioso. Além disso, mesmo que a chance de transmissão direta seja baixa, o contato sexual pode disseminar bactérias para o(a) parceiro(a), especialmente se houver feridas ou outras infecções associadas.
Nesses casos, é fundamental que os membros do casal busquem tratamento juntos, pois se apenas um se cuidar e eles mantiverem a prática de sexo sem preservativo, a doença voltará àquele que se tratou sozinho. “As infecções urinárias devem ser tratadas com antibióticos (por via oral ou endovascular, dependendo da gravidade), além de medicações sintomáticas, ou seja, para aliviar sintomas como dores e febres”. O consumo da fruta cranberry, em conjunto com antibiótico, também pode ser recomendada.
As infecções urinárias, quando não tratadas, podem evoluir ainda para quadros graves, que exigem um tratamento mais complicado. “A falta de tratamento pode fazer com que o problema se desenvolva para o que chamamos de ‘infecções urinárias altas’ (que acometem os rins) ou mesmo para um quadro de sepse (infecção generalizada)”, conclui o urologista.
José Ricardo Cruz Silvino é médico urologista formado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), com residência médica em cirurgia geral e urologia pelo Centro de Referência da Saúde do Homem, em São Paulo. CRM: 135796
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