De forma simplificada, podemos entender que os antidepressivos são utilizados para controlar os níveis dos neurotransmissores no cérebro e, assim, fazem parte do tratamento da depressão. Em boa parte dos casos da doença, o uso dessas medicações é necessário para controlar os sintomas. No entanto, seu médico pode indicar um antidepressivo para outros problemas de saúde, além da depressão.
“Os medicamentos antidepressivos podem ser utilizados não apenas em casos de depressão, mas em quadros ansiosos, síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo, por exemplo”, afirma a psiquiatra Luciana Staut.
De acordo com a especialista, o seu médico deverá prescrevê-los quando observar a necessidade de usá-los em seu paciente. “Em caso de sintomas leves, apenas psicoterapia e atividade física podem ser suficientes para a melhora. Já nos quadros moderados e graves, em geral, o uso de medicações se faz necessário, até mesmo para que a melhora ocorra de forma mais acelerada”, explica a profissional.
Depois do diagnóstico e da prescrição, é importante que você use o antidepressivo de maneira correta, o que é crucial para o funcionamento adequado do tratamento. “Os antidepressivos necessitam da dosagem diária e de um período recomendado pelo médico para que tenhamos a resposta esperada. Caso o uso seja esporádico, não haverá benefícios”, alerta a psiquiatra.
Não adianta, por exemplo, tomar o antidepressivo apenas no momento em que você estiver se sentindo mais triste. O mecanismo de ação do medicamento demanda um tempo mínimo de uso para fazer efeito, assim como um uso contínuo para manter a melhora. O efeito terapêutico, segundo Luciana, aparecerá somente depois de sete a 15 dias de uso.
Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades:
– Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas;
– Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente;
– Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas;
– Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar);
– Alteração do sono: excesso de sono ou insônia;
– Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas;
– Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado;
– Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória;
– Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio.
Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica!
Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente.
Dra. Luciana Cristina Gulelmo Staut é psiquiatra, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e atende em Cuiabá (MT). CRM-MT: 6734
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