As festas de fim de ano, para muitas pessoas, marcam uma época de alegria, de reunir a família, relembrar os bons momentos vividos nos últimos meses e fazer planos para o ano que está prestes a começar. Para outras, no entanto, as celebrações de Natal e Ano Novo podem agravar um problema que as acompanha há certo tempo, a depressão.
A depressão é uma doença psiquiátrica complexa e que requer cuidados especiais durante o fim do ano. “As reuniões familiares podem trazer à tona lembranças desagradáveis ou entristecedoras para alguns pacientes. Eles podem ter expectativas e formas de lidar com fatos passados de forma diferente”, explica a psiquiatra Lee Fu-I. Essas situações podem piorar o quadro depressivo.
Por outro lado, mesmo parecendo contraditório, as festas também podem motivar um paciente e retirá-lo do estado de depressão. “Encontros com pessoas que fazem o paciente se sentir querido, acolhido e seguro para emitir opiniões e queixas, como em uma ‘zona de conforto’, podem ajudá-lo a melhorar”, diz a médica.
A reação de um paciente diante da chegada desse período varia de acordo com inúmeros fatores, como projetos inacabados, ausência de um familiar e fracasso profissional. Há uma crença de que todos precisam ser felizes durante as celebrações de Natal e de Ano Novo, o que é particularmente difícil para pacientes depressivos. Eles precisam da compreensão e do respeito dos familiares e amigos.
Todos podem ajudar alguém que sofre com a depressão. O primeiro passo deve ser sempre incentivar o tratamento e não menosprezar a doença. É importante também não expor o paciente a situações desconfortáveis nem falar de assuntos delicados. Sua opinião sobre as festividades deve ser ouvida e é preciso que alguém ajude-o a lidar com a ansiedade e estresse que podem surgir.
Dra. Lee Fu-I é psiquiatra e atua no Programa de Atendimento de Transtornos Afetivos da Infância e da Adolescência na Faculdade de Medicina da USP. CRM-SP: 57813