Por mais que respirar pela boca seja tão natural e instintivo quanto respirar pelo nariz, devido à capacidade que ambos têm de aspirar o ar, a respiração considerada correta é a realizada pelas narinas. Isso porque o interior do nariz possui elementos específicos para o tratamento do ar inalado, permitindo que ele entre no organismo o mais puro possível.
“O ar que entra pelo nariz sofre aquecimento, filtração e umidificação, o que não acontece quando respiramos pela boca. A respiração nasal deixa o ar inspirado em condições ideais para a troca de oxigênio e gás carbônico em menor tempo e com menor gasto de energia”, explica o otorrinolaringologista Fabiano Haddad.
A presença dos pequenos pelos que ficam no interior das narinas (vibrissas) e do muco é essencial para o processo de filtração, pois esses elementos retém as partículas que entram com o ar. Os pelos geralmente conseguem conter partículas maiores, enquanto o muco retém as mais finais, além de proteger contra microrganismos. Já o aquecimento e a umidificação são obtidos, respectivamente, pelo tecido conjuntivo e por glândulas presentes na cavidade nasal.
Na respiração pela boca, por outro lado, não há nenhum tipo de proteção ou filtro, então as impurezas do ar entram diretamente no organismo, o que aumenta os riscos de infecções. “A respiração oral, quando crônica (acontece desde a infância), leva a alterações em todo o crescimento da face. Isso se chama síndrome do respirador oral. Já no adulto, pode ser prejudicial para as pessoas que têm doenças pulmonares, como asma e bronquite”.
Mesmo sabendo da importância de se respirar somente pelo nariz e adotando isso no dia a dia, quando o nariz fica entupido a respiração pela boca se torna, à princípio, a única saída. Nesse caso específico, o tratamento da congestão se faz necessário também para resgatar a respiração correta. “Em situações agudas, podemos fazer lavagem nasal com soro fisiológico 0,9% e, se persistir, o ideal é procurar um otorrinolaringologista”.
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